terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Top 20: jogos que joguei em 2022 (parte 1)

 Olá, povo do passado, tudo bem? O meu 2022 não foi tão conturbado quanto o meu 2021, mas não diria que foi super especial. Eu fiquei ainda mais cansado com a faculdade do que no ano anterior, me desgastando até a alma. Nos primeiros 5 meses, a minha irmã se mudou pra outra cidade, e mesmo estando feliz por ela, ainda tive dificuldades em lidar com a saudade que sentia (que foi aliviada pelas 3 visitas que ela fez ao longo do ano). E, por mais que eu tivesse alívio com o ano não ter sido tão pandêmico, as coisas não deixaram de ser cansativas. Mas com as coisas boas, eu fiz uma amizade bem forte com o meu cunhado (além de ter sido a única pessoa com quem fiz amizade online), eu me adentrei um pouco mais em algumas redes sociais (Instagram e Backloggd pra ser mais específico), fiz um estágio até que tranquilo na minha antiga escola e, claro, joguei vários ótimos jogos! Até diria que a quantidade de jogos foi bem maior do que em 2021. Com tantos jogos bons que joguei ao longo do ano, é claro que irei aproveitar para fazer uma lista dos que eu mais gostei. Olhem para o meu passado e divirtam-se! 

Lembrete: Obviamente, o ranking é baseado nas minhas preferências pessoais, além dessa lista não estar restrita apenas a jogos lançados em 2022 e, sim, a jogos que comecei a jogar em 2022. Diferente do "Top de 2021", a lista não será de alguns jogos que gostei e outros jogos que se tornaram meus favoritos, pois dessa vez, todos os jogos presentes (exceto as menções honrosas) no ranking se tornaram meus favoritos. 

Ace Attorney é uma franquia bem aclamada de jogos de mistério, por conta de seu humor, personagens carismáticos e tramas envolventes cheias de reviravoltas. Assim como a minha antiga relação com TWEWY, era um daqueles jogos que eu sempre soube de sua existência por muito tempo, mas que não corri atrás pra tentar sem saber por quê. Eu até joguei o primeiro AA uns meses depois de ter zerado Ghost Trick, que foi um jogo do mesmo diretor (Shu Takumi) no qual tinha me interessado, e mesmo achando o jogo decente, não diria que chegou a me agradar tanto. Foi só no ano seguinte que eu comecei a me adentrar mais com o resto dessa franquia, e dos que tive contato nesse ano, só o 3° que acabou me conquistando.

20: Ace Attorney - Trials and Tribulations (2004-2007) 


Trials and Tribulations é o 3° Ace Attorney principal e o final da trilogia (ou pelo menos o final antes de forçarem a lançar mais jogos da franquia). Assim como no resto da série, você controla um advogado de defesa tendo que defender seus clientes, precisando usar lógica, evidências e encontrar qualquer furo nas alegações da acusação e dos suspeitos. Sobre a história, eu digo que melhorou consideravelmente em relação aos outros 2. No 1° era até aceitável, mas não teve muito que se destacava ao meu ver e mesmo o 2° tendo alguns momentos de destaque, ainda era atolado por trechos bem mais ou menos. Aqui, os personagens conseguem ser melhor escritos (até alguns que aparecem em 1 caso só), os mistérios e casos são mais envolventes, os temas sobre a busca pela verdade tem mais profundidade, recontextualiza eventos de seus antecessores de forma perspicaz, dá muito Pay Off (resultado) pras tramas apresentadas e o charmoso melodrama carismático da franquia continua tão bom. Dos 3 primeiros AA, esse foi o que achei mais consistente e bem amarrado e vejo perfeitamente o porquê dele ser um dos mais queridos dessa série. Ainda prefiro Ghost Trick por ser mais consistente e ter me marcado mais, mas mesmo a minha experiência com esse aqui não sendo tão marcante quanto esperava, ainda consigo considerá-lo como um favorito meu por ver exatamente os pontos do Takumi como roteirista que me fizeram adorar Ghost Trick, seja pelos personagens, mistérios e as dosagens de drama com humor. O motivo dele estar aqui na última posição é simples, eu não joguei. Explicando melhor, quando joguei o 1°, lembro de me ter deparado com trechos que me deixaram confuso e frustrado, e tinha decidido apelar pra Save Scumming (salvar em pontos convenientes para se dar bem) e detonados, e como eu não tinha me impressionando com o 1 e estava com falta de paciência, decidi assistir um Let's Play no Youtube para me salvar das complicações. Além disso, eu estava querendo ver a versão PT-BR traduzida por fãs, chamada de Advogados de Primeira 3 - Casos e Acasos. Como o Ace Attoney que conhecemos é uma versão adaptada para deixar os nomes e referências mais palatáveis pros americanos, essa versão adapta os nomes e referências para deixá-los mais palatáveis pros brasileiros, e tinha achado isso genial (além de que a tradução teve envolvimento do Sahgo, o que me animou ainda mais). Como não o joguei, não consigo avaliar de forma justa as partes de gameplay dele, e por isso o coloquei nessa posição. Apesar da minha experiência estranha com ele, Ace Attorney 3 foi ótimo. 

Nesses últimos tempos, eu comecei a apreciar mais jogos com jogabilidade minimalista. Videogames são uma mídia em que a interatividade faz diferença, seja em um jogo de ação desafiador que testa reflexo ou um metódico que teste estratégia e cálculo ETC. Por conta das possibilidades de interação, quando um jogo mostra ter interações mais mínimas (como por exemplo: Visual Novels), acaba sendo muito fácil para a maioria criticar de forma mesquinha e até falar que "Isso não é um jogo!". O que constitui um jogo ou não, baseado em seu nível de interatividade, é uma pergunta vaga e não há respostas muito claras. Exigir que qualquer jogo ou o que o torna bom é o alto teor de interatividade é um tanto tóxico e julgar duramente baseado nisso é idiotice, pois tudo tem seu devido lugar. Além de Visual Novels, outro gênero que tende a ser criticado pelo seu baixo teor de interatividade são Walking Sims, que são jogos nos quais você só anda e acompanha coisas (eu sei que é mais do que isso, mas tive que dar uma resumida básica). Eu comecei a minha introdução desse gênero com esse aqui.
19: The Ballad and Metamorphosis of M. Dolly (2019) 
Apesar do nome ser meio grande, não há muito o que comentar sobre. Tudo de história que tem aqui é sobre M Dolly (não se sabe o gênero ou do que o "M" é abreviação) ter se transformado numa ovelha e se metendo em trapalhadas. Walking Sims são jogos que por terem só mecânicas de andar e fazer poucas interações, acabam focando em narrativa linear e atmosfera para compensar, e algo diferente aqui, é que M Dolly é um musical. Com a jogabilidade sendo andar apenas do ponto A ao B, ao chegar nesses pontos a música continua, e unir esses elementos básicos de um Walking Sim com um musical é uma ideia muito boa e que não vi sendo feita com muita frequência, além de ser bem integrada (esse não é o único Walking Sim musical feito pelo David Su, também tem o Yi and the Thousand Moons, mas esse eu não joguei por ser o único jogo dele que é pago). A música em si é até legal e divertida, sendo levemente cômica e até vai para um ponto meio macabro no final, mesmo não sendo a um nível extremo. Ele está nessa posição justamente por ser tão curto e básico. Mesmo com suas qualidades, não há muito aqui que me incentive a revisitá-lo, é só pegar, andar e termina em 2 minutos, e mesmo reconhecendo que baixa interatividade não é ruim, abre espaço pra ver gameplays completas por vídeo sem perder nada, já que a jogabilidade aqui não é tão importante. Mesmo que não tenha muito aqui, M Dolly é um tipo de jogo que adoraria que tivesse mais nesse estilo e que expandisse suas ideias. 

A pandemia da Covid-19 foi um evento devastador e que possivelmente será marcado na história da humanidade. Todo mundo tendo que se isolar socialmente como medida de segurança e a paranoia que se alastrava formaram uma cicatriz na história da humanidade que foi bem tensa. Em 2022, a pandemia foi amenizada e nos permitiu viver melhor, e mesmo os eventos não sendo esquecidos, ainda me dá uma impressão que as pessoas agem como se isso não tivesse acontecido (é só uma impressão, ainda há gente de máscara por aí e há álcool gel em todo canto). Nesse ano, fui procurar obras sobre esse evento, seja sobre o ocorrido mesmo, uma metáfora ou uma coincidência. O game abaixo é sobre o ocorrido mesmo.
18: And the Band Begins to Play (2021) 
 
And the Band Begins to Play é até um pouco parecido com o game passado, no sentido de ser curto e ter um foco em narrativa com jogabilidade minimalista (dá pra dizer que é um Walking Sim 2D). A história é basicamente uma versão extremamente resumida da experiência de seu criador, Adam Le Doux. A experiência contada não é literal, já que é representada visualmente por metáforas com poucas partes de sua vida colocadas no texto. Por ser sobre a pandemia, seria bem fácil assumir que a história seria claustrofóbica e deprimente, mas ela é justamente o contrário, tendo um tom mais terno e uma mensagem otimista. Outra coisa para ressaltar é que ele é uma enorme referência de Beatles, com o cenário sendo o Yellow Submarine e até partes da letra dessa música aparecem no texto. O motivo da posição, é que eu não me conectei tanto quanto esperava. Talvez por achar que não tenha refletido bem o que passei, por achar a sua prosa meio florida pro meu gosto ou por ser mais sobre sua mensagem do que os eventos (até diria que esse jogo é mais uma mensagem do que uma narrativa). Mesmo assim, ainda vi valor e consigo sentir bem as emoções passadas pelo texto. Independente se era o que eu espera ou não, And the Band Begins to Play segue firme e forte e é bonitinho. PS: Esse jogo é de navegador e se quiser jogar, aqui tá o link (só vou lembrar que também funciona em celular e que vai precisar entender inglês): https://ledoux.itch.io/and-the-band-begins-to-play

Eu tinha mencionado no "Top 20: Jogos que joguei em 2021" que tinha ganhado um PS3 de presente do meu tio. Um dos motivos de querer esse console, foi pra jogar esses jogos aqui.
17: Tales of Xillia 1 (2011-2013) e Tales of Xillia 2 (2012-2014) 
Acho que essa é a 3° ou 4° vez que menciono isso, então eu deixarei mais resumido para não ficar repetitivo. Eu sempre tive interesse em me adentrar em Tales of, mas acabei não fazendo isso por muitos anos, e foi só nesses últimos tempos que tive essa oportunidade. Enquanto eu não jogava, procurava vídeos sobre a franquia (Reviews, Let's Plays ETC) e isso me levou a saber mais sobre os jogos dela, incluindo spoilers. É evidente que eu já sabia o bastante sobre esse jogo antes de jogá-lo e ele fez jus as minhas expectativas? Sim, mas admito que não foi tão grandioso quanto a minha cabeça imaginava. Tales of é uma franquia bem "arroz com feijão" quando se trata de JRPG, se você já jogou bastante jogos do gênero (ou assistiu vários Animes Shounen) não terá tantas novidades, mas o que tem de básico essa franquia faz bem, e fazer o básico com qualidade é a sua graça. A trama em si não é a coisa mais interessante do mundo, sendo basicamente sobre os heróis desse jogo tentando impedir um cara mau de usar uma arma do mal, mas o que compensa são os personagens. Dos grupos principais dos Tales of que vi, esse foi o que mais me agradou, simplesmente por ter achado todos eles consistentemente bons e terem a melhor  química entre si. A série Tales of também é conhecida pelos seus sistemas de combate em tempo real e esse não decepciona. Tudo aqui é fluido, rápido, preciso e intuitivo e muito gostoso de jogar, apesar dos inimigos serem ridiculamente fáceis e os chefes meio chatos. Os problemas dele são as áreas com designs desinteressantes, ter dividido a história por 2 campanhas de uma forma xoxa e certas partes dele terem sido afetadas pelo desenvolvimento apressado. E como você pode ver a 17° posição é um empate de dois jogos, e agora é a vez de sua sequência. 
Tales of Xillia 2 é um jogo meio estranho dessa série. O motivo é por ele tentar ideias diferentes em sua história e gameplay, não só em relação ao 1°, mas da série inteira. O combate não muda muito e continua bem gostosinho, mas a dificuldade é um pouco mais desafiadora e até já vi gente considerando-o com um dos Tales mais difíceis (pelo menos nos chefes, os inimigos ainda são fáceis). Em questão de enredo, eu digo que sua estrutura episódica não flui bem (apesar de ter alguns momentos muito bons), mas os personagens continuam bons. Uma boa forma de descrever a narrativa é que ela é um epílogo estendido do 1°, vendo os veteranos do jogo passado vivendo suas vidas após os eventos do final foi um prato cheio e ver que eles ainda tiveram um desenvolvimento satisfatório aqui foi agradável. Também aplaudo por explorarem melhor o mundo de Elympios aqui, já que esse mundo foi uma das partes mais afetadas pelo desenvolvimento apressado do Xillia 1, e mesmo vendo melhor como é esse mundo aqui, o que temos não foi explorado tão a fundo quanto devia, mas ainda  foi satisfatório (também aprecio a temática urbana de Elympios, é bem diferente dos mundos de fantasia mais típicos dos outros Tales). Os veteranos do 1 continuam bem legais (com direito a inclusão de Gaius e Muzét, os antagonistas do 1 como personagens jogáveis), mas faltam algo a mais nos novatos. Outra coisa legal, são as dimensões fraturadas, que são realidades paralelas nas quais acontecem eventos que desviam do enredo original e que o nosso herói é forçado a destrui-las para deixar a realidade em que o game se passa mais estável, e esse conceito fica ainda mais legal nos momentos em que os veteranos nos acompanham e veem como as coisas podiam ser diferentes caso tomassem outros rumos. O ponto mais polêmico dele é o seu sistema de dívidas. É contextualizado que Ludger (o protagonista) está com uma dívida de 20 milhões e, em certos trechos, o jogo te impede de prosseguir na campanha principal, a menos que você pague a agiota (talvez esse seja o único que conheço onde você paga agiotas). Dá pra ver porque vários fãs não gostaram, visto que restringir o progresso e a forma que o jogador interage com o jogo por obrigação pode ser um saco e mesmo eu tendo problemas com a implementação dele, eu comecei a me incomodar menos com o tempo, por ser fácil arranjar rios de dinheiro mais a frente e esse sistema me obrigou a estar mais em sintonia com o próprio jogo. Pessoalmente, tive mais problema com o sistema de escolhas narrativas do que com as dívidas. Xillia 2 sofre de Síndrome de Telltale, cujos portadores sofrem de dizer que as escolhas narrativas importam, sendo que todas elas (ou a maioria) não importam tanto. O motivo do empate é simples, quando um falha, outro acerta e os dois se espelham nisso. Talvez eu prefira um pouco mais o 1, já que ele me marcou um pouco mais, mas também gostei bastante do 2. Mesmo não sendo tão espetacular quanto imaginava, a duologia Tales of Xillia foi legal de experimentar. 

Assim como no Top de 2021, irei incluir um jogo que tinha jogado em outro ano mas que não havia jogado o suficiente. Todos nós temos aquele momentos que imaginamos o quão legal seria experimentar ou obter algo que não possuímos, e se esse algo é bom quando temos contato varia muito. Quando tinha um PC fraco e datado para época de 2010 (um Windows XP) na minha pré-adolescência, imaginava como seria legal jogar o Street Fighter III (o máximo que eu podia jogar era o Alpha 2 e 3, já que o potencial para emulação do meu PC daquela época era mais limitado). Em 2019, fui jogá-lo pela 1° vez, e não foi tão bom quanto esperava. Quando fiz amizade com o meu cunhado, ele me falou que costumava jogar bastante Street Fighter III quando era mais novo e pra surpreendê-lo quando ele fosse me visitar, decidi baixá-lo pro emulador de PS2 do meu PC, e finalmente aprendi a curti-lo. 
16: Street Fighter III - 3rd Strike (1999) 
Street Fighter III - 3rd Strike é a 3° versão de Street Fighter III (as outras 2 eram New Generation e 2nd Impact) e um dos jogos mais venerados da franquia. Dos Street Fighters que joguei, esse foi o que achei mais fluido em sua jogabilidade, com os comandos tendo uma fluidez gostosa e os golpes terem uma sensação de peso satisfatória que não sinto tanto em outros da franquia, além dele ser técnico o bastante para satisfazer os jogadores mais hardcore, porém agradável o bastante para casuais que entendam o básico de jogos de luta. Além da jogabilidade, outra coisa notável é a sua apresentação. Em questão de gráficos, devo dizer que impressiona até hoje, com uma pixel-art belíssima, animações absurdamente fluidas e uma estupenda atenção a detalhes, e arrisco dizer que consegue botar muito jogo 3D de hoje em dia no chinelo com sua beleza gráfica. A sua trilha musical também se destaca muito, com ritmos mais voltados pra House e Jungle (subgêneros de música eletrônica), com algumas influências de Jazz, Techno e Hip-Hop, e por serem tão prazerosas de ouvir, acabou destronando o clássico Street Fighter II como trilha musical favorita da série. Eu e o meu cunhado jogamos algumas partidas do 3rd Strike e nos divertimos, com ele matando a saudade e eu finalmente aprendendo a jogá-lo, foram momentos breves, mas que nos alegraram, e descobri que ele é uma das pessoas com quem mais gosto de jogar jogos de luta (especialmente por ele dar curiosidades sobre as artes marciais usadas pelos personagens). O motivo da posição não é bem por problemas do game em si, mas por eu não conseguir largar da minha nostalgia com o Street Fighter Alpha 2, que foi o jogo que me fez apreciar melhor os jogos de luta mais tradicionais, e por achá-lo mais simples do que o 3rd Strike. Depois de tanto tempo, eu finalmente consigo apreciá-lo como queria. 

Posso ter me adentrado nos Walking Sims esse ano e ter gostado de suas filosofias de fazer muito com pouco, mas não cheguei a jogar tantos dos mais conhecidos, exceto por esse aqui, que é um dos mais aclamados do gênero.
15: What Remains of Edith Finch (2017) 
What Remains of Edith Finch é um jogo narrativo em 1° pessoa que pode ser meio básico, mas que faz bem o que faz no que ele se propõe. A sua história é sobe a intitulada Edith Finch, que é a última sobrevivente de sua família que volta pra sua antiga casa e lá ela desvenda o passado de sua família e o histórico das mortes de cada membro. Como podem ver, o tema principal é sobre morte e ele é muito bem explorado na narrativa. Enquanto joga, você explora a antiga casa dos Finch, com uma maravilhosa atmosfera misteriosa e solitária no ambiente, e a navegação do local serve como veículo pra chegar nas partes que importam. Tanto a história quanto a gameplay são estruturadas como uma antologia interconectada por vinhetas que contam sobre as mortes de cada membro da família Finch. Essas vinhetas são o ponto alto do game, com cada uma mostrando muita criatividade em visual, gameplay e storytelling. Cada vinheta apresenta um estilo visual condizente com a época e temática do personagem em questão e tem mecânicas exclusivas para cada uma. As mortes apresentadas nas vinhetas também não são literais, com elas sendo metáforas pras circunstâncias de cada personagem, ou não. É claro que gostei dele, mas ele está nessa posição mais por tê-lo achado competente do que ter me marcado bastante. Não importa se me marcou o suficiente ou não, What Remains of Edith Finch mostra como um jogo simples consegue ter bastante profundidade temática e entregar muita qualidade de forma sucinta. 

Se tratando das minhas preferências para jogos de luta, costumo gostar mais daqueles com jogabilidade 2D do que 3D, não que eu desgoste de jogos como Tekken ou Soul Calibur, mas há algo nos de luta 2D que me apetecem mais, ainda que não saiba explicar. Mesmo que a maioria dos jogos de luta 3D não estejam entre os meus favoritos, esse acabou me agradando pelas suas diferenças. 
14: Bushido Blade 2 (1998) 
Bushido Blade 2 é um jogo de luta feito pela Squaresoft (sim, a Square não faz só RPGs) com uma abordagem que não vi sendo feita com frequência pelo gênero. Dá pra dizer que ele é quase uma fusão de Soul Calibur com Samurai Shodown, já que segue um esquema de movimentação e luta com armas brancas parecido com Soul Calibur, mas sem ser voltado pra combos, aplicando um estilo mais metódico, que é levemente parecido com Samurai Shodown. Essa foi uma forma decente de descrevê-lo, mas não explica o seu diferencial. Ao invés de usar barras de vida, golpes especiais ou combos elaborados, Bushido Blade decide ir para um lado mais realista, onde um golpe só te mata instantaneamente, mas depende de onde você acerta, porque em certas partes só irá aleijar o personagem. Essa abordagem é muito legal, pois consegue deixar as partidas meio desesperadoras, já que a sensação de que pode perder ou vencer a qualquer momento é ainda maior. E com as mudanças de balanceamento nessa sequência, senti que o jogo me incentivou mais a usar estratégias em cada situação, ao invés de só spammar o mesmo golpe. Tudo bem que a jogabilidade é meio travadinha, mas nunca chegou ao ponto de atrapalhar. A posição, ou é por minha preferência para jogos de luta 2D, ou por não ter jogado o suficiente dele, nem eu sei ao certo. Bushido Blade 2 garantiu uma vaga para os meus jogos de luta 3D favoritos, por suas peculiaridades e pela sua competência.

Já ficou evidente nessa lista que comecei a ter um apreço por esses jogos de historinha com gameplay minimalista. Claro que não são os melhores jogos do mundo e é compreensível porque alguém os acharia sem graça, mas esclareci em parágrafos lá atrás que julgar games pela quantidade de interações é injusto. Junto com outro game que irá aparecer na 2° parte, esse foi um dos que mais me marcou.
13: He Fucked the Girl Out of Me (2022) 
Se tem uma palavra pra descrever esse game, é trágico. A história contada nele é baseada em fatos reais, e não é daqueles "baseado em fatos reais" que filmes de terror colocam só pra assustar, já que isso aqui é autobiográfico. Talvez não totalmente, já que a própria narrativa admite que não mostra absolutamente tudo e a protagonista ser representada por um fantasma, para representar o quanto ela está dissociada de sua identidade (e não compartilhar o mesmo nome de quem criou isso). O enredo é sobre Ann, uma mulher trans que pra arranjar dinheiro para sua transição, acaba tomando medidas drásticas, no caso, recorrer a trabalhos sexuais. Bem, eu não sou transgênero e não tenho experiências em comum com as apresentadas, mas não irei julgar baseando nisso. É comum em qualquer obra de ficção, se atrair com algo na narrativa no qual você se identifica, seja um personagem que tenha características em comum com você, uma mensagem na narrativa que conectou com você ou outras coisas, mas isso não é necessariamente uma garantia de qualidade sobre uma obra e nem um requerimento para apreciá-la, o que importa é se conectar a um nível emocional independente das experiências, e esse foi o caso com esse jogo. A história é pesadíssima e a as dores apresentadas são bem palpáveis. Senti o peso de cada situação e das questões éticas sobe sexualidade, prostituição, abuso, trauma e as dificuldades que pessoas trans enfrentam pelos seus direitos. Por ter vindo de acontecimentos reais, até mesmo elogios podem parecer frios e não estou descreditando os eventos ocorridos, porque eu reconheço que avaliar a prosa de maneiras tradicionais não funciona muito bem aqui. É claro que gostei e respeito Taylor McCue (a pessoa que criou isso) por expressar tão bem as suas dificuldades aqui, e mesmo não tendo experiências assim, me fez refletir sobre a minha relação com sexualidade. Sobre o que não tem relação com a prosa e a jogabilidade básica de andar e ler texto, o estilo gráfico de Game Boy Color é bem usado e apresenta quadros bem compostos, mas me incomodei com a falta de trilha sonora. Pode não ter sido o jogo que mais me marcou ou o que mais gostei, mas ele me fez refletir sobre algumas coisas. PS: Como também é um jogo de navegador,  colocarei o link dele aqui (mas além de entender inglês, vai ter que precisar de sanidade e estômago para aguantar o seu conteúdo sensível): https://taylormccue.itch.io/trauma 

Estes jogos de música de apertar botões com precisão, como DDR e Guitar Hero, são um tipo de jogo que gosto bastante, apesar de não jogá-lo com tanta frequência. O que me fez gostar desse gênero, foi a franquia Pump it Up e graças as minhas jogatinas do Exceed 2 na pré-adolescência, aprendi a apreciar. Como a vasta maioria dos jogos dela só estão disponíveis em máquinas de Arcade e nem é sempre que saio de casa, decidi experimentar uma versão mais "caseira" de um desses jogos.
12: Pump it Up Zero Portable (2007) 
Como a imagem diz, é uma versão do Pump it Up Zero (o 20° jogo da franquia) lançada pro PSP. Em questão de jogabilidade, não tem muito segredo, é exatamente igual a todos os outros já lançados. PIU segue aquele mesmo esquema de DDR, sendo um daqueles jogos de dança de apertar as notas no ritmo da música e com precisão, mas como o PSP é um portátil que não tem suporte a um Dance Pad, os controles tiveram que ser adaptados aos botões do console e quando a gente se acostuma, até que não fica nada mal. Admito que levei um tempo para se acostumar com isso, já que me acostumei aos Dance Pads das versões de Arcade. Porém, nesse tempo em que não me acostumei, fui levado para o meu passado, quando eu era um moleque inexperiente em jogos desse tipo e que constantemente falhava, mas que ficava melhor com a prática. Além da jogabilidade, as músicas são a parte mais importante desses jogos. Boa parte das músicas são mais voltadas para Pop, mas também há as músicas originais da BanYa (a banda original da Andamiro, a desenvolvedora de PIU) para dar uma variada, incluindo Hip Hop, Rock, Música Eletrônica e Remixes de Música Clássica e elas conseguem ser divertidas e legais, mesmo em meio a algumas meio qualquer coisa. Pela maioria dos PIU serem exclusivos de Arcade, eles não apresentam muitos modos além de jogar as músicas e o Zero Portable também não (no máximo, tem uma lojinha com itens caros). Entretanto, o Zero Portable apresenta formas de customizar a jogatina, como ter as notas com posição invertida, tê-las invisíveis, ter o dobro de velocidade ou até tudo isso ao mesmo tempo. Sendo honesto, PIU Zero Portable não é tão diferente de suas versões dos Arcades ou de outros jogos rítmicos na mesma pegada, mas ganha o meu respeito pelo apego pessoal e por poder jogá-lo sem sair pro shopping, independente se for grande coisa ou não. 

Bem, eu já fiz review dele aqui no blog e já esclareci tê-lo jogado por me lembrar Metal Slug. Não acho que preciso ir muito além disso. 
11: Dolphin Blue (2003) 
Já que esclareci tudo isso aí, vou tentar não ficar preso a muitas informações que repeti. A jogabilidade é muito boa, com controles responsivos e uma dificuldade levemente elevada, mais ainda assim acessível para quem não tem tanta familiaridade com Run 'n Guns. Os visuais são legais, com Sprites 2D bonitos e bem animados, em meio a cenários 3D com poucos polígonos, proporcionando um dinamismo visual interessante, com as rotações de cenário em meio ao contraste de estilos diferentes. Outra coisa que me fez gostar dele, é que esse jogo chega a ser um tanto terapêutico para mim. Já que eu tinha baixado um emulador de Dreamcast no meu celular para jogá-lo, eu posso pegá-lo para jogar a qualquer hora, e nos momentos que não me sinto tão bem, me animo um pouco quando o jogo, especialmente pelos Continues infinitos impedindo a minha frustração, ainda mais no celular que por não ter um controle físico, tive que me contentar com os botões de toque. Mesmo adorando Dolphin Blue, ainda tem uns pontos em que não rouba tanto o meu coração quanto Metal Slug. A sua identidade visual não é tão forte quanto a franquia da SNK, sendo um tanto insossa em comparação. Mesmo não sendo tão ruins, o jogo apresenta uma quantidade considerável de sessões de Auto-Scroll que podiam dar uma maneirada. O Level-Design foca demais no tiroteio, e mesmo Metal Slug tendo bastante tiroteio, ele equilibra isso com fases focadas em plataforma, e as sessões de plataforma em Dolphin Blue não são grande coisa por não ser uma parte muito integral do design. Independente disso, Dolphin Blue me alegrou, e isso é o que importa no fim das contas.

Continua...