Olá, povo vazado, tudo bem? No meio das burocracias da minha matrícula no curso de biblioteconomia e da demora da minha review de Street Fighter 3rd Strike (é por isso que este blog ficou parado por 4 meses), a Game Freak acabou tendo 1 Terabyte de dados vazados por um hacker na internet, que vão desde conteúdos descartados até planos futuros. Mesmo com essa introdução, eu não estou aqui para abordar o vazamento no geral e, sim, uma série de conteúdos descartados que causou uma polêmica enorme nas redes sociais, desde clickbaits para gerar engajamento até memes sem graça. Os usuários mais cronicamente online já sacaram que estou aqui para falar sobre as histórias descartadas que abordam "relacionamentos íntimos" de Pokémons com humanos, e a minha intenção é desmistificar esse tumulto. Então senta que lá vem história.
Alerta de Gatilho: Devo avisar que esta postagem contém discussões sobre tópicos pesados, como abuso sexual e bestialidade/zoofilia, se você for sensível a esse tipo de conteúdo ou for menor de idade, não aconselho a ler (ou pelo menos não sem a supervisão de um responsável).
Nesse monte de conteúdo vazado, teve contos descartados sobre humanos que se relacionaram intimamente (no sentido em que você está pensando) com Pokémons, incluindo violência sexual e gravidez. Alguns dos Pokémons inclusos nestes são Rapidash, Octillery e outros, mas foram os de Typhlosion e Slaking que acabaram ganhando mais fama. Aqui vai um "resumo" dos 2 contos (você pode pulá-los se já os conhece).
Conto do Slaking: Uma mulher com seus amigos judiavam dos Slakoths de uma floresta ao ponto de matá-los por diversão, até ela ter sido atacada por um Vigoroth (evolução do Slakoth, para os tiozões que largaram a série depois da 1° geração) vingativo. Depois de acordar do ataque, ela viu que estava num ponto distante dessa floresta que era marcado por um lago, mas ficou aterrorizada ao perceber que o lugar estava cheio dos cadáveres de Slakoth que havia matado e que os restantes dessa espécie os jogavam dentro do lago, e acabou desmaiando ao ver um Slaking (evolução do Vigoroth) na sua tentativa de fuga. Após recobrar a sua consciência, viu que estava na frente da sua casa e os seus amigos ajudaram-na a voltar. Depois de um tempo, ela deu a luz a um Slakoth e pretendia abandoná-lo por esse fato, mas não pôde porque a sua culpa falava mais alto e decidiu criá-lo. Os seus amigos (dos quais ela não frequentavam mais) fizeram uma visita à sua casa, e ao verem um Slakoth lá, eles o mataram como sempre faziam. Vendo que o seu Slakoth morreu, ela foi tomada por sua tristeza e acabou se jogando naquele lago junto com o cadáver. Traumatizados pelo suicídio de sua amiga, elas passaram a tratar os Slakoths e sua linha evolutiva com respeito.
Conto do Typhlosion: Em uma aldeia desconhecida, uma garota saiu para pegar lenha, mas ela acabou se perdendo e o sol estava se pondo e, num momento de desespero, se deparou com um homem atraente que não aparentava ser da aldeia. O homem sugere que ela descanse na casa dele porque ele sabe que o caminho até a vila é demorado, e ela aceita por não ter escolha. A casa desse homem ficava numa grande caverna. Percebendo que ela estava com fome, o homem foi pegar umas frutas e pede para que nunca olhe o seu rosto, mesmo se acordar antes dele, o que infelizmente aconteceu, revelando que o homem na verdade era um Typhlosion. Mesmo depois disso, ela ainda continuou morando com ele e precisava de sua ajuda para sobreviver. Um tempo depois, ela teve um filho com o dito cujo e ele disse que o seu pai a estava procurando e teria que matá-lo se encontrassem. Implorando para ele não matá-lo, o Typhlosion sugere que caso for morto, deveria levar os seus olhos, seu coração e sua voz, fazer uma fogueira no local da sua morte e cantar uma canção ensinada pelo Pokémon, o que acabou acontecendo mesmo. O seu pai construiu uma cabana na borda da aldeia como moradia para ela e seu filho, mas ela acabou sendo ostracizada pelos aldeões por causa de suas circunstâncias, e a situação piorou quando os forçaram a vestir pele de Typhlosion, e ela implorou aos seus pais para pararem os aldeões, pois a pele era capaz de transformá-los em Typhlosion, e mesmo eles dizendo isso, os aldeões não deram ouvidos e continuavam a fazer o mesmo. Os dois nunca mais foram vistos depois desse incidente, e os aldeões só entenderam o peso de sua atrocidade quando era tarde demais.
Vendo que essas histórias eram oficiais, o alvoroço que rolou nas redes sociais foi estrondoso, com os fãs tendo reações viscerais e acusando os desenvolvedores de botar pornografia num jogo infantil. Eu digo com toda certeza que o pessoal só está fazendo tempestade em copo d'água, porque se foi deletado, não é canônico, e também porque a intenção dessas histórias não eram ser pornográficas. Pokémon, assim como qualquer outra obra, pega coisas do nosso mundo como inspiração, e a inspiração dessa vez foram contos folclóricos. A intenção dessas histórias é ver como daria para aplicar contos mitológicos ao Mundo Pokémon, e se você é uma pessoa familiarizada com qualquer tipo de conto mitológico, essas histórias nem chegam a ser tão chocantes assim. Histórias absurdas assim estão presentes em todas as mitologias, e muitas serviam como forma de explicar fenômenos, lições de moral ou só um reflexo da realidade, já que coisas absurdas e deprimentes acontecem mesmo. O Loki da mitologia nórdica, engravida de um cavalo e dá a luz a um potro de 8 patas, os egípcios falavam que o Rio Nilo era a piroca de Osíris e o rio fluía ao bater punheta, e nem me fale no quanto a mitologia grega é extensa porque Zeus não conseguia "manter a barraca desarmada".
Se você acha que tudo isso não devia estar em Pokémon, digo que isso ignora coisas que já fazem parte de Pokémon. Informações da Pokédex, como a Froslass congelar Pokémons ou humanos atraentes para torná-los em suas decorações, Drifloon e Drifblim raptando crianças para levá-las ao pós vida, ou até nos primeiros jogos (Red e Green/Blue) em que a Equipe Rocket matou uma Marowak numa caça ilegal em prol do lucro, mostram que Pokémon nem sempre é açucarado e puro, e se você reclama disso, talvez você deveria voltar para algum desenho educativo como Dora, a Aventureira, e não entrar em brigas sobre alfabetização midiática na internet. Se você sentiu horror lendo esses contos, tá tudo bem, mas não fique propagando essa retórica puritana sem antes entender o contexto.
O maior problema dessa polêmica, é que ela ofuscou o real problema dos vazamentos. Dentre os conteúdos descartados, estão designs de Pokémons descartados, dados do futuro Pokémon Legends Z-A, spoilers do anime Pokémon Horizons, futuros filmes e séries, builds do jogo principal da 10° geração que sairá pro Switch 2 (ou pelo menos é assim que conhecemos esse futuro console da Nintendo antes do anúncio oficial) e até dados pessoais dos desenvolvedores. Muitas dessas ideias descartadas dificilmente serão revisitadas por conta do compartilhamento em massa nas redes sociais, os futuros projetos como os jogos, animes e filmes sofrerão um impacto negativo por causa do ocorrido, e será que eu sequer preciso explicar o quão ruim é vazar informações pessoais na internet? Por mais que algumas coisas aí tenham sido interessantes de descobrir, seria melhor se fossem reveladas de uma forma mais digna, e não de uma forma que comprometa a segurança dos envolvidos.
O que você tem a dizer em relação aos vazamentos? Se arrepiou com os contos? Gostou da postagem? Comente e compartilhe nas redes sociais, Bye By-[Interrompemos a programação para mostrar que Zeus foi flagrado em momento íntimo com...]
Fontes Usadas:
About the Thing with THESE Pokémon (vídeo de Lockstin & Noggin)
The Gamefreak Pokémon leak is bad, actually (vídeo de Cecilily)
16 Bits da Depressão (Instagram)