Olá, povo nonário, tudo bem? Eu planejava fazer review desse jogo a 1 ano e, agora, tenho a oportunidade perfeita para publicar. Eu tinha falado desse jogo no meu "Top 20: Jogos que joguei em 2021", em que tinha mencionado que corri atrás depois de terminar Danganronpa e quando estava tentando superar meu preconceito com Visual Novels, além dele fazer parte da trilogia Zero Escape. O jogo é bem aclamado, tanto por fãs de Visual Novels, quanto por jogadores que não são muito chegados a esse gênero (como eu). Se ele for ou não for tão bom assim, é melhor achar a saída para esta review começar.
Fase 1-1: Sinopse
A história começa com Junpei, um mero estudante universitário que acaba acordando em um quarto desconhecido e, logo quando acorda, tem de resolver um Puzzle para sair desse quarto e não morrer afogado. Durante a situação, ele percebeu que tinha sido sequestrado por um sujeito misterioso com uma máscara de gás, conhecido como Zero. E ainda por cima, ele não foi único, já que também havia mais 8 pessoas presentes na mesma situação e local que ele. Todas essas pessoas sequestradas foram forçadas a jogar o "Jogo Nonário", que é basicamente assim: o objetivo do jogo é achar a porta com o número 9, mas primeiro, os participantes tem de encarar outras portas numeradas com Puzzles elaborados para prosseguir. Para abrir essas portas, os participantes usam os seus braceletes numerados para somar os números até conseguir a raiz digital da porta (nem eu entendi isso direito, matemática avançada não é o meu forte) e, para piorar, implantaram bombas nos participantes e elas explodem caso o seus braceletes não forem registrados a tempo ou se o limite do jogo esgotar (9 horas). Como os participantes não se conhecem direito, eles usam codinomes relacionados aos números de seus braceletes, como: 1: Ace; 2: Snake; 3: Santa; 4: Clover; 6: June (ela também é uma amiga de infância do Junpei, e o número 5 foi pulado porque é o número dele); 7: Seven e 8: Lotus. Junpei não recebeu um codinome pelo nome dele ter sido revelado para o resto e o 9° participante se recusou a cooperar. Então, eles tem de achar uma saída a tempo, continuarem vivos e resolver os mistérios acerca da situação.
Fase 1-2: Opiniões Sobre a História
Sobre o que eu posso dizer dessa história: Eu gostei dela. A premissa de pessoas em jogos de vida é um tanto manjada, mas foi bem executada. Os mistérios são engajantes e conseguem prender bem a atenção dos jogadores, incentivando-os a jogar e re-jogar para descobrir novos detalhes. O tom da história também é interessante para discutir porque mesmo sendo sombrio e tenso como Jogos Mortais, consegue ter piadinhas engraçadas e momentos de leveza sem estragar o tom sombrio da história. Os personagens também são um ponto de destaque da narrativa, pois apesar de ser um jogo japonês, eles não apresentam arquétipos frequentemente usados em obras deste país e parecem bem realistas e pé no chão (tem chances disso ser coisa da localização, mas não posso confirmar), além de serem bem desenvolvidos e cada um ter tempo de tela o suficiente, fazendo com que cada um tenha sua vez de brilhar e senti que o roteiro não priorizava alguns personagens em detrimento de outros. Mesmo com esses elogios, eu ainda tenho 3 problemas principais com o enredo: 1: Como Visual Novels se assemelham um pouco a livros, também incluem narrações durante a história. Pode até ser que essa reclamação seja meio mesquinha e que eu seja um leigo em Visual Novels, mas o meu ponto ainda tá de pé. A narração acaba sendo redundante às vezes, pois em boa parte dos momentos, as descrições dela não agregam em nada, como descrever uma animação e diálogo que já é visualmente mostrado na tela, culminando em um Tell Don't Show (conta mas não mostra) desnecessário; 2: A narrativa inclui conceitos como rumores e fatos científicos, mas não foram bem implementados. Em alguns momentos, os personagens param o que estão fazendo para explicar curiosidades ou rumores aleatórios, e o que eu quero dizer é que arrastam a trama e a maioria não contribui para nada. Eu vou dar um exemplo de 2 animes que gosto; Dr Stone e Jojo's Bizarre Adventure: estes 2 animes também incluem coisas desse tipo em suas narrativas (mais em Dr Stone do que em Jojo, porque é justamente sobre ciência e Jojo é sobre um bando de caras fabulosos descendo sarrafo com poderzinho), às vezes arrastam a trama e às vezes estão equivocados, mas contribuem para as situações em questão. Em 999, apenas poucos destes momentos contribuem pra trama; 3: Este 3° problema afeta não só a narrativa, como a jogatina. O sistema de rotas alternativas até que é legal, mas não o achei tão coeso. O jogo tem 6 finais e apenas 2 deles importam para a trama e, ainda por cima, 1 desses finais se torna inacessível caso tenha feito 1 final específico. Mesmo a narrativa sendo teoricamente não-linear, os finais acabam sendo mais compreensíveis seguindo uma ordem linear (além de que os requerimentos podem ser um tanto vagos). E, por fim, mesmo tendo a função de pular diálogos já lidos em jogatinas subsequentes, não é possível pular Puzzles já concluídos (este problema só está presente na versão de DS, que é a que joguei). Mesmo com os problemas, eu gostei da trama.
Fase 2: Gráficos
Eu posso dizer que achei o visual do jogo legal, mas, primeiro, vamos por partes. Começando pelos cenários, eles são pré-renderizados e conseguem dar um clima sinistro para o jogo, o que acaba sendo potencializado por não ser um tipo de gráfico muito bonito ou elaborado. Além disso, as rotações da câmera dentro das salas de Puzzle conseguem ser um tanto dinâmicas e cada sala conseguiu adicionar variedade nos cenários, sem destruir a atmosfera sombria e claustrofóbica. E agora, para a arte: os Sprites dos personagens são visualmente bonitos e também apresentam animações fluidas, que não é algo que vejo em muitos jogos desse tipo e aplaudo o mérito. Os Designs dos personagens são bem legais, eles tem um senso de estilo ousado, mas que ainda sim é pé no chão o suficiente para acreditar que possa haver pessoas que se vestem assim. Os traços deles são mais puxados para um visual Anime/Mangá e achei bem prazerosos de olhar. Talvez alguns possam se incomodar por achar que os traços mais delicados e suaves não se encaixem tanto com o clima sombrio, mas eu não me importei e até achei que cria um contraste interessante. A artista responsável pelo Design é Kinu Nishimura, uma ilustradora conhecida pelos seus trabalhos em jogos da Capcom, como em Capcom vs SNK entre outros.
Fase 3: Som
A trilha sonora é outro ponto que posso elogiar. As músicas são interessantes, boa parte delas segue um estilo com sintetizadores, que passam uma certa sensação de mistério com uma vibe meio etérea, além de também ter algumas que criam um clima tenso e amedrontador. Escutem:
Os efeitos sonoros até que conseguem ser bons, não diria que a maioria deles é impressionante, mas foram bons o bastante, e os que foram impressionantes são os sons de seleção dos menus, que são muito gostosos de ouvir. Por conta dessa review estar sendo feita na versão de DS, o jogo não tem dublagem, mas as falas de cada personagem tem "bips" em tons diferentes para diferenciá-los. Em resumo, os aspectos sonoros desse jogo são legais.
Fase 4: Jogabilidade
A jogabilidade se divide em duas, as seções de Visual Novel e as seções de Puzzle. As seções de Visual Novel são obviamente focadas nos textos e diálogos, e os Puzzles são as seções de jogatina. Os controles são basicamente os botões serem relegado aos menus e funções extras e ser jogado majoritariamente com a Touch Screen. Mas os Puzzles são bons? até que são. Os Puzzles são bem intricados e elaborados e requerem um bom nível de raciocínio para resolvê-los e apesar de serem um tanto complexos, consegui solucioná-los de boa, mas não todos. Ainda teve Puzzles em que usei detonado por não ter saco pra achar a solução na minha cabeça. Também, os personagens podem acabar dando a solução inteira caso você falhe ou desista do Puzzle, mesmo que seja apenas 1 vez, e mesmo sabendo que é para ajudar jogadores frustrados como eu a avançar, mas, às vezes até parecem que eles não tem confiança na sua capacidade. Eles foram paradoxalmente difíceis e fáceis para mim, e mesmo gostando deles, achei que precisavam de um acabamento melhor. A experiência varia para cada um, alguns vão achá-los ridiculamente fáceis e outros insuportavelmente difíceis, e isso é a minha opinião, não deve ser levada como fato.
Fase Final: O Verídico
Prós:
+ Premissa e mistérios engajantes
+ Personagens realistas e bem escritos
+ A atmosfera mistura tensão sombria com um pouco de humor, sem ser destoante
+ Arte boa, com sprites bem feitos e cenários interessantes
+ A trilha sonora é bem legal
+ Os Puzzles conseguem ser legais e desafiadores...
Contras:
- A narração, os conceitos científicos e rumores não contribuem tanto para a trama
- ...Mas precisavam de um acabamento melhor
- O sistema de múltiplos finais não foi tão coeso
Nota Final:
8.4
Resumindo: 999 é um jogo interessante. A sua premissa tensa com mistérios envolventes foi bem executada, com personagens bem escritos para auxiliá-la, além de bons visuais, trilha sonora e Puzzles. Os diálogos conseguem ser interessantes, desde os momentos sérios até as piadas que fizeram um bom trabalho em não destoar do clima sombrio. A história inclui conceitos relacionados à matemática, física e até química (matérias das quais nunca fui muito fã na escola), além de teorias da conspiração, mas boa parte destes conceitos não contribuem tanto para a trama, além de arrastar um pouco a história. A narração acaba sendo meio redundante em certos momentos, o sistema de rotas precisava de uma coesão melhor e mesmo gostando dos Puzzles, precisavam refiná-los melhor na dificuldade simultaneamente fácil e difícil. Eu posso não tê-lo amado como muitos que o consideram como um dos melhores já feitos, mas aprecio os seus méritos e acredito que o game é capaz de agradar jogadores que não são muito chegados em Visual Novels.
Curiosidades Rápidas:
- Os personagens foram baseados no eneagrama das personalidades
- Por volta do lançamento da sua sequência (Virtue's Last Reward), o jogo teve uma capa alternativa que o renomeia pra série Zero Escape (justamente a que usei na primeira imagem)
- Mesmo não vendendo tão bem em qualquer parte do mundo, ele teve mais sucesso no Ocidente do que no Oriente
Você já conhecia 999 ou a série Zero Escape? Se jogou, o que achou? Gostou da postagem? Comente e compartilhe nas redes sociais, Achei a saída!
Sempre que penso nesse jogo me pergunto se ele teria dado mais certo comercialmente se não se levasse tão a sério.
ResponderExcluirUma impressão que tive é que a narrativa as vezes tentanva lançar um conceito super avançado para parecer inteligente mas tinha o mesmo peso de alguém que cita o próprio tweet. Só sei que quando joguei a narrativa não me prendeu tanto, mas acho que talvez fosse algo meu.
Se você quiser um jogo na mesma pegada, e que não enfia tantos conceitos pseudoavançados, recomendo Your Turn to Die, ainda mais por ele ser gratuito.
ExcluirO enredo pareceu muito bom. Fiquei animada com essas portas e as escolhas que podem rolar. Boa apresentação!
ResponderExcluirEu gosto muito de cenário arrepiante...mas jogo com quebra-cabeças para mudar de fases é mais difícel. Cenário arrepiante é bom para dar tiros em zumbis. Mas a trilha é bem legal e a cara dos personagens tb. Kirby a caminho no próximo dia 25....
ResponderExcluirI wanna be 999! Gostei da questão sobre o Titanic. Oh, dúvida sinistra!
ResponderExcluirAchei empolgante! Realmente me senti no jogo com sua descrição.
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